Virando o Jogo: Transformando a crise em oportunidade
O que diferencia uma empresa de sucesso em momentos de crise? A resposta para esta pergunta pode ser resumida primeiramente em uma palavra: planejamento. Diante de um cenário de instabilidade econômica, onde os riscos de se investir no Brasil só aumentam, o desafio das corporações está justamente na busca por soluções que garantam a manutenção e/ou o crescimento do negócio. E são nos momentos difíceis que o capital humano se coloca como o grande diferencial.
O envolvimento de cada colaborador se torna fundamental para o sucesso das empresas. Nesse sentido, as metas, que compõem a estratégia do negócio, devem ser desdobradas de forma eficiente. Assim, será possível capturar resultados e direcionar os colaboradores, a partir de metas que estejam dentro de sua autoridade e responsabilidade e fazendo com que cada membro da organização tenha ciência de sua contribuição para a companhia. Para que a iniciativa seja bem-sucedida, é necessário que este desdobramento seja acompanhado de perto, com a utilização de um método adequado para os resultados virarem realidade. Além de tudo, é relevante uma liderança atuante e comprometida com este planejamento estruturado, pois, sem ela, não existe método que tenha sucesso.
E é neste contexto que, muitas vezes, o brasileiro não tem consciência do potencial que tem nas mãos e que é o segundo diferencial para o sucesso: a criatividade. Ela é o motor propulsor para o aproveitamento das oportunidades. Essa característica, somada a um dedicado trabalho de planejamento, pode representar a verdadeira chave do sucesso, uma vez que a aplicação bem planejada das ideias criativas diminuirá o tempo das correções de rumo, garantindo o alcance de resultados com mais objetividade, rapidez e sustentabilidade.
Nesta época de Olimpíadas, essa dualidade entre planejamento e criatividade pode ser ilustrada a partir do esporte, tendo como base a Copa do Mundo realizada no Brasil: o planejamento alemão foi o grande responsável pelo alcance do título mundial em 2014. As ações que culminaram no estrondo de popularidade da seleção alemã na última Copa vinham sendo arquitetadas desde 2002.
De lá até o alcance dos resultados, foram estruturadas inciativas, desde a criação de escolinhas de formação, até ações de marketing, como a escolha da camisa rubro-negra como segunda camisa e a aproximação com o público por meio das redes sociais. Podemos afirmar que o jogo da semifinal Brasil x Alemanha se tornou o clássico Criatividade x Planejamento.
Se por um lado tínhamos uma Alemanha preparada, baseando sua tática de jogo no planejamento, nos deparamos com uma seleção brasileira que, por se fundamentar na criatividade e talento individual, se viu desnorteada quando seu principal jogador não pôde entrar em campo. O que a seleção brasileira não percebeu é que, apesar de ter em seus pés o diferencial da criatividade, a falta de planejamento e o ineficaz desdobramento de metas para cada jogador, poderia arruinar o sonho da conquista da Copa do Mundo em casa.
Assim, a vitória alemã não pode ser considerada uma surpresa. Ali, cada jogador tinha total visão de sua contribuição para o todo, explorando seus talentos para encontrar o diferencial competitivo tão sonhado, fortalecido a partir das competências dos profissionais. E é este o ensinamento que a campanha realizada pelos alemães deixa ao mundo corporativo: o planejamento é a peça fundamental do jogo.
Por fim, vale ressaltar que englobar as duas vertentes – planejamento e criatividade – representa um salto qualitativo na busca por diferenciação no mercado. Só assim a crise deixa de ser um problema para se tornar um grande canal de oportunidade. É o planejamento que encurta as distâncias do sucesso. A flexibilidade, adaptabilidade e criatividade vivem em nós. Nos planejando melhor, viraremos qualquer placar, a qualquer tempo e em qualquer crise.
Por: Antonio Linhares - Mestre em Administração de Empresas pela PUC - Rio
Fonte: Profissional & Negocios