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Ambientes de produção: O que é, o porquê de usar e como fazer

June 03, 2021
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Tempo é dinheiro!

Essa é uma expressão popular que não fica desatualizada, ao contrário, conforme o tempo passa, ela ganha força quanto a veracidade de seu significado e entrega ao acesso à informação, níveis mais altos de importância. O mundo do início desse terceiro milênio é digital e a agricultura, à exemplo da maioria dos serviços que demandam produção em larga escala, vive a era da informação e também da conexão virtual.

Contudo, mesmo diante de uma infinidade de aplicativos e sistemas, maquinários e ferramentas, que “facilitam” a vida do agricultor(a), apenas o acesso à informação não é garantia de sucesso.

É preciso saber cruzar os dados certos e obter bons diagnósticos e prognósticos. É preciso transformar dado em informação e seguir avançando, até que ela se torne uma base confiável para a tomada de decisão: esse é o caminho pelo qual você deve caminhar e para isso, é necessário um método consistente de análise.

Na agricultura, transformar dado em informação passível de tomada de decisão está diretamente relacionado ao conceito de Ambiente de Produção. O manejo agrícola visa a manutenção ou o aprimoramento de áreas, logo, visa tratar de uma situação no espaço e no tempo: em outras palavras, delimitar regiões para ser mais assertivo. Assim, a compreensão e a aplicação dos Ambientes de Produção podem ser os diferenciais necessários para alcançar sustentabilidade e alavancar rentabilidade no agronegócio.

Para compreender o que é Ambiente de Produção temos algumas necessidades. É preciso entender o conceito de trabalho e o porquê do seu uso, e ir além, é extremamente importante saber também como aplicar a técnica com o mínimo de coerência.

No texto de hoje, elucidar essas necessidades é o nosso objetivo.

O conceito

A proposta de trabalho no campo, no que diz respeito a dinâmica vivenciada pela prática agrícola, não mudou em função da inovação digital, ao menos não o seu eixo central.

Os homens e as mulheres do campo preparam a terra para que ela tenha e mantenha os recursos necessários para seguir produzindo. Era assim no passado, é assim nos dias de hoje e a tendência é que permaneça com essa mesma dinâmica.

O que mudou com a inovação tecnológica e digital foi a forma de lidar com o ato de preparar a terra. A geração atual de produtores(as) agrícolas colhe os frutos da busca contínua da ciência quando o assunto é diagnosticar e tratar apenas os problemas existentes, sempre da forma mais correta possível.

Hoje, a melhor forma de fazer isso – ser assertivo e correto no manejo de áreas agrícolas - é adotando os chamados Ambientes de Produção.

Adotar Ambientes de Produção é conhecer os fatores que compõem a formação de determinado solo e suas interações hídricas, físicas, químicas e/ou morfológicas com a cobertura vegetal. Na prática, é separar regiões de comportamento homogêneo, visando um manejo adequado, direcionado para propiciar uma relação benéfica nas interações solo-planta-clima, minimizando o impacto na produtividade, quando negativo, ou maximizando os potenciais existentes.

Em outras palavras, um Ambiente de Produção é uma região, por exemplo, dentro de um talhão agrícola, cuja dinâmica de desenvolvimento ou as características do sistema solo-planta, são homogêneas e, portanto, o diagnóstico e o prognóstico de manejo são mais fáceis e assertivos.

A título de curiosidade e colaborando com o tema, é interessante observar o quanto esse conceito se conecta ao que compreendemos da Agricultura de Precisão (AP), sendo esta, inclusive, uma ferramenta útil e eficiente para se alcançar o objetivo de implantar os Ambientes de Produção. Contudo, embora com uma ideia relacionada, enquanto prática de trabalho, a adoção da AP por si só não necessariamente garante a aplicação dos Ambiente de Produção.

A AP é “um conjunto de ferramentas e tecnologias aplicadas para permitir um sistema de gerenciamento agrícola baseado na variabilidade espacial e temporal da unidade produtiva, visando o aumento de retorno econômico e à redução do impacto ao ambiente.”¹

Isso implica em dizer que: sim, é possível chegar aos Ambientes de Produção com o uso de AP, entretanto, esses estão um degrau a acima e envolvem, principalmente, a compreensão do que é para ser delimitado, partindo de um raciocínio prévio, e não apenas o ato de delimitar para descobrir as variações.

O porquê

Rentabilidade e sustentabilidade, essas são as duas principais razões para a aplicação dos Ambientes de Produção na gestão das áreas agrícolas. Uma vez que essa técnica de trabalho visa o conhecimento das regiões homogêneas existentes em um talhão agrícola, no que diz respeito as interações do sistema solo-planta-clima, ela é a chave para ser assertivo na hora de investir em manejo.

Ser assertivo ao investir em manejo possibilita tratar de problemas e explorar potenciais nas dosagens certas. Por exemplo, ao conhecer as características químicas do solo de uma zona e partir do pressuposto de um grau elevado para homogeneidade, é possível trabalhar essa área com um manejo adequado a atender apenas a sua necessidade de alcance ou manutenção dos pontos críticos dos elementos. Um trabalho similar ao que é feito com grades personalizadas em AP, contudo, em áreas macro, orientadas pelo grau de homogeneidade e economizando no número de amostras.

Assim a rentabilidade é trabalhada.

Ao tratar do manejo da área, se atentando as variações de necessidade, uma relação de estabilidade no uso do solo pode ser facilitada. No caso, você corrigi problemas, reconstrói perdas e explora potenciais sempre, dentro do limite aceitável. A prática é saudável a longevidade da área, construindo uma exploração sustentável.

Como aplicar

A construção dos Ambientes de Produção é feita usando produtos que permitam a compreensão de zonas homogêneas. Uma vez que o sistema solo-planta-clima engloba uma série de fatores, num cenário ideal, o ponto de partida é o mapeamento detalhado e refinado das características que explicam o solo, os aspectos físicos, químicos e morfológicos, além é claro, do monitoramento climático e do detalhamento da cultura a ser implantada.

Entretanto, uma das principais características da formação dos Ambientes de Produção, é compreender o manejo inicial que é pretendido para área. Exemplo, um trabalho que visa partir do manejo nutricional para cultura, teria como proposta inicial o levantamento dos aspectos químicos e físicos do solo. Um outro, preocupado com o tratamento de áreas compactadas, partiria do levantamento físico, acompanhando do monitoramento climático.

Nesse sentido, a primeira tarefa para a implantação dos Ambientes de Produção é determinar um marco zero de investigação: um ou mais produtos que viabilizarão a distinção das primeiras áreas homogêneas para então partir para o campo. A sequência do trabalho é construída com a adição de informações e refino das regiões delimitadas, de acordo com os problemas e potenciais identificados e visando o manejo adequado.

DICA 1. Aqui o uso das geotecnologias, tanto para coleta de informação quanto para o gerenciamento, processamento e visualização das análises e resultados, é indispensável. Hoje, é improvável pensar num sistema que elabore Ambientes de Produção sem adotar, mesmo que parcialmente, o conceito de SIG (Sistema de Informações Geográficas) e a razão é simples: trabalhar com Ambientes de Produção é trabalhar com o mapeamento do espaço-tempo.

DICA 2. Com o Sensoriamento Remoto, os chamados Índices de Vegetação e os MDS (Modelos Digitais de Superfície) e seus derivados, como as curvas de nível e os mapas de declividade, são excelentes marcos zero para iniciar a construção dos Ambientes de Produção, já que servem de orientação inicial para ida ao campo. Contudo, é a construção de um banco de dados completo que possibilitará o refino das zonas, o sucesso e a continuidade do trabalho.

Conclusões

Os Ambientes de Produção, enquanto técnica de manejo agrícola, representam um caminho seguro para quem pretende ser assertivo, buscar pela compreensão de como determinada área se comporta em relação a um problema x e traçar estratégias de tratamento.

A palavra-chave é rentabilidade. Os Ambientes de Produção, principalmente, mas não somente, são erroneamente vinculados ao aumento de produtividade, quando na verdade o seu objetivo é o tratamento assertivo. O aumento da produtividade pode e normalmente está vinculado a maiores investimentos: gastar mais para produzir mais, nem sempre é sinônimo de faturar. Na via contrária, empregar apenas o que é devido para tratar a necessidade em dosagens certas, pode viabilizar rentabilidade: ganhar por economia de insumos e aprimoramentos conscientes da produtividade.

A efetividade ao aplicar o conceito de Ambientes de Produção passa por entender quais são as variáveis fundamentais que denotam o problema a ser manejado e viabilizam o diagnóstico correto. Entretanto, por se tratar da relação solo-planta-clima, existe os produtos que servem como pontos de partida e viabilizam a investigação a campo de modo geral: normalmente esses produtos visam demonstrar o desenvolvimento da cobertura vegetal, que flerta com a dinâmica do sistema solo-planta-clima no todo.

Referência

1. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Agricultura de Precisão: Boletim Técnico. Brasília, DF, 2013.;

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